AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA, QUE SOLUÇÕES?

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Declaração Política

Recentemente o Banco de Portugal e outros organismos internacionais vieram traçar um quadro negro sobre a perspectiva de evolução económica para 2008-2009: forte baixa nas previsões de crescimento do produto, menos 3,5%; continuação da tendência de aumento das taxas de juro; desaceleração das exportações; aumento das necessidades de financiamento externo.

Este cenário inquietante contradiz de modo lapidar o optimismo do Governo de há cerca de meio ano atrás. Vem agora desculpar-se, o Primeiro-ministro com a afirmação de que então não era possível prever o agravamento da situação económica e que as previsões podem não ser rigorosas,… tentando esconder que o discurso governamental foi em contracorrente com as previsões de instituições económicas internacionais e com os resultados já pré-anunciados, nomeadamente nos Estados Unidos.

Confrontado com a dura realidade em que o país se encontra o Governo tenta desresponsabilizar-se e justificar-se enfatizando as dificuldades externas. A verdade é que o País está em “contra-ciclo” com a média comunitária há mais de 8 anos e os responsáveis dão pelo nome de PS, PSD e CDS…
A CDU não minimiza os condicionalismos externos, que são reais e que sempre, de um modo responsável, considerou. Mas a CDU também sempre alertou que este modelo de crescimento baseado nos baixos salários, reformas e pensões; em trabalho pouco qualificado; na crescente desregulamentação do horário de trabalho; no desrespeito dos direitos dos trabalhadores; na desqualificação dos serviços públicos e na sua consequente privatização e fragilização (que subverte completamente o direito à igualdade de acesso aos bens e serviços como é o exemplo recente do aumento das custas judiciais); no aumento da dependência e endividamento externos; no domínio dos monopólios e crescente controlo da economia pelo capital estrangeiro,… a CDU, repito, alertou que este modelo estava esgotado e que conduziria ao acentuar das desigualdades sociais, dos índices de pobreza e de abandono escolar; à destruição do aparelho produtivo; à divergência económica com a média da UE; às crescentes assimetrias regionais e desertificação do interior do País, situação que se confirma e agrava com os tais condicionalismos externos.
No concelho de Belmonte a população sente na carne tudo isto que acabou de ser exposto e de forma agravada!

Apesar de alguns responsáveis tentarem esconder “o sol com a peneira” o que é certo é que o desemprego e a precariedade aumentam e as apostas municipais na direcção dos destinos do concelho manifestam-se ineficazes para combater os problemas estruturais da mono-indústria das confecções que sobrevivem na agonia da incerteza do amanhã, encerrando umas, despedindo trabalhadores outras, usando a técnica da precariedade e do trabalho sem direitos muitas outras. Mais uma vez a CDU exige que o poder (central e local) tome medidas concretas, que sirvam de facto para ultrapassar os problemas estruturais e que promovam um desenvolvimento com coesão económica e social e no direito a ter direitos!
O PCP, como força partidária responsável que diz e faz, não se fica pela denúncia! O PCP age e exige!
Relembra-se que o PCP, ao contrário do PS e do PSD, não tem deputados eleitos pelo distrito de Castelo Branco e no concelho de Belmonte tem um eleito na Assembleia Municipal. Todavia isso não impede que, com regularidade, se acompanhe “in loco” os problemas dos trabalhadores, das empresas, do país, permitindo intervir, reivindicar e propor soluções.

É neste quadro que recentemente o PCP interveio ao mais alto nível (no Parlamento Europeu e na Assembleia da República), sobre, por exemplo, as Confecções Carveste, através dos seus Deputados - Ilda Figueiredo e João Oliveira, que aqui se deslocaram para constatar as dificuldades junto dos trabalhadores e serem porta-vozes das suas propostas. O PCP questionou o governo sobre as medidas a forma de aplicação do prometido apoio ao sector têxtil, no distrito de Castelo Branco, encontrando-se ainda a aguardar respostas.  

Por outro lado de realçar que recentemente o PCP realizou a sua 8ª Assembleia de Organização Regional onde muito se reflectiu e debateu a nossa região e na qual foram aprovados documentos que contém as propostas para se ultrapassar a crise. Do conjunto destaca-se o Plano de Emergência para o Distrito de Castelo Branco a ser apresentado brevemente na Assembleia da República e que a ser aprovado dará um importante contributo para avançar com a recuperação e dinamização económica da região, logo do concelho!
A CDU defende que é possível um outro rumo para o concelho, para Portugal e para a Europa! Um rumo inadiável que concretize uma política onde a preocupação central é a valorização da pessoa e do trabalho digno com direitos!

Belmonte, 28 de Abril, 2009