A Floresta: problemas e soluções

É Fácil demonstrar estatisticamente a importância da Floresta na economia Nacional. A floresta privada não industrial representa 76,6% e a floresta privada da indústria alcança 7,7% do total da área de terrenos florestais em Portugal. A Norte do rio Tejo a floresta privada é caracterizada por parcelas de muito pequena dimensão e pela supremacia de pinhal e folhosas de rápido crescimento (eucaliptais); a vocação primordial é a produção de lenho. No Sul do rio Tejo domina a propriedade de grandes dimensões, em que com frequência estão associadas as actividades agrícolas, a silvicultura e a pastorícia, e onde são predominantes o sobreiro e a azinheira. Os baldios no Norte e Centro do País tiveram papel crucial como complemento das pequenas explorações camponesas de auto consumo. Uma estimativa relativa a 2001 apontava o valor de 1,3 mil milhões de euros como sendo a produção económica total anual efectiva da floresta no Continente. A floresta representa 1,4% do PIB europeu e 2,1 % do PIB de Portugal. O valor económico total das florestas do Continente é muito superior em Portugal que noutros países mediterrâneos, tanto em produtos comerciais como em produtos ambientais. A contribuição anual das florestas para o bem-estar público é muito superior em Portugal comparativamente a outros países do Mediterrâneo.
A floresta tem sido a base de um sector da economia que gera cerca de 113 mil empregos directos ou seja 2% da população activa.
Nas últimas décadas há um crescimento na produtividade do trabalho no sector.
O sector florestal representa também cerca de 10% das exportações e 3% do Valor Acrescentado Bruto. São, no entanto, diferentes as trajectórias das fileiras industriais:
- A fileira da madeira de serração tem vindo a assistir a um fenómeno de concentração, com o desaparecimento de pequenas serrações. As estatísticas apontam para que o número de serrações tenha diminuído de 732, em 1998, para cerca de 290, mantendo-se, no entanto, o volume de vendas.
- A fileira da pasta e papel contribui para cerca de 4 mil empregos directos - A fileira da cortiça representa uma importante fracção no comércio externo nacional, com cerca de um terço do total das exportações. O número de empresas desta fileira era de 828 em 2003, sendo o número de empregos por elas gerados mais de 12 mil
O VAB do sector florestal tem mostrado uma tendência clara de crescimento nas últimas décadas.
Muito recentemente foi constituído o primeiro fundo de investimento imobiliário florestal português, que junta quatro instituições financeiras e capitais públicos, na floresta altantica. A Caixa Geral de Depósitos, o Crédito agrícola SGSP, o BES e a Orey financial SGPS são os parceiros privados a que se acrescenta o IFAP, com capitais públicos. O Governo anunciou que disponibilizará 47 milhões de euros para ajudar este tipo de fundos.
Outras grandes empresas ligadas ao sector florestal recebem apoios públicos de projectos florestais, no entanto é mitigado o apoio aos projectos das Associações de pequenos produtores florestais e á constituição de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). São os pequenos produtores florestais e suas associações muitas vezes em parceria com as autarquias que financiam as equipas de sapadores florestais existentes, bem como pagam os vigias florestais.
Procura-se justificar a construção de centrais de biomassa alegando-se a contributo destas unidades para a redução dos fogos florestais em Portugal. Este é um argumento que recolhe simpatia popular, mas contém uma ideia errada.
Com efeito, para ser eficaz na prevenção de incêndios, uma central de biomassa deveria consumir preferencialmente matos e outra vegetação existente nas florestas. Este tipo de vegetação é caracterizado por ter grande volume por tonelada, o que implica ter de recolher e transportar grandes volumes, para um ganho energético relativamente modesto. Tendo em conta o preço da madeira teme-se que estas centrais venham a ser alimentadas pelo corte de árvores, em vez das lenhas, matos e silvas.
Os objectivos traçados pela Comissão Europeia para as energias renováveis - em que a biomassa tem um papel importante – leva-nos a concluir que em 2020 haja um deficit de 25% na oferta de madeira no continente para responder à procura.
Todos os anos são gastos milhões de euros no combate aos incêndios Florestais. Muita legislação é produzida e sistematicamente anunciadas medidas para fazer face ao problema, mas a verdade é que todos os anos enfrenta-mos o drama dos incêndios na nossa floresta.
Muitas teses são defendidas, mas a questão de fundo é o problema da ocupação do espaço rural. São as consequências desastrosas em termos de desertificação humana e económica de vastos espaços do País, fruto das políticas económicas de direita, e em particular da sua política agro-florestal que continua a promover o abandono dos campos e a impedir a própria sobrevivência económica das terras florestais.
A recente alteração das regras da PAC aprovada pela direita e pelo PS de desligamento das ajudas da produção, vai traduzir-se em novos abandonos da produção agrícola.
A insistência numa estratégia de florestação de terras agrícolas, para lá das consequências directas na propagação dos fogos, acelera a desactivação económica e humana das áreas rurais.
O PCP é proprietário de um valiosíssimo património de propostas em defesa da Agricultura, da Floresta e do Mundo Rural.
Anibal Cabral - Membro da DORCB do PCP

É Fácil demonstrar estatisticamente a importância da Floresta na economia Nacional. A floresta privada não industrial representa 76,6% e a floresta privada da indústria alcança 7,7% do total da área de terrenos florestais em Portugal. A Norte do rio Tejo a floresta privada é caracterizada por parcelas de muito pequena dimensão e pela supremacia de pinhal e folhosas de rápido crescimento (eucaliptais); a vocação primordial é a produção de lenho. No Sul do rio Tejo domina a propriedade de grandes dimensões, em que com frequência estão associadas as actividades agrícolas, a silvicultura e a pastorícia, e onde são predominantes o sobreiro e a azinheira. Os baldios no Norte e Centro do País tiveram papel crucial como complemento das pequenas explorações camponesas de auto consumo. Uma estimativa relativa a 2001 apontava o valor de 1,3 mil milhões de euros como sendo a produção económica total anual efectiva da floresta no Continente. A floresta representa 1,4% do PIB europeu e 2,1 % do PIB de Portugal.

O valor económico total das florestas do Continente é muito superior em Portugal que noutros países mediterrâneos, tanto em produtos comerciais como em produtos ambientais. A contribuição anual das florestas para o bem-estar público é muito superior em Portugal comparativamente a outros países do Mediterrâneo.A floresta tem sido a base de um sector da economia que gera cerca de 113 mil empregos directos ou seja 2% da população activa. Nas últimas décadas há um crescimento na produtividade do trabalho no sector. O sector florestal representa também cerca de 10% das exportações e 3% do Valor Acrescentado Bruto. São, no entanto, diferentes as trajectórias das fileiras industriais:- A fileira da madeira de serração tem vindo a assistir a um fenómeno de concentração, com o desaparecimento de pequenas serrações. As estatísticas apontam para que o número de serrações tenha diminuído de 732, em 1998, para cerca de 290, mantendo-se, no entanto, o volume de vendas. - A fileira da pasta e papel contribui para cerca de 4 mil empregos directos - A fileira da cortiça representa uma importante fracção no comércio externo nacional, com cerca de um terço do total das exportações. O número de empresas desta fileira era de 828 em 2003, sendo o número de empregos por elas gerados mais de 12 mil O VAB do sector florestal tem mostrado uma tendência clara de crescimento nas últimas décadas.

Muito recentemente foi constituído o primeiro fundo de investimento imobiliário florestal português, que junta quatro instituições financeiras e capitais públicos, na floresta altantica. A Caixa Geral de Depósitos, o Crédito agrícola SGSP, o BES e a Orey financial SGPS são os parceiros privados a que se acrescenta o IFAP, com capitais públicos. O Governo anunciou que disponibilizará 47 milhões de euros para ajudar este tipo de fundos.Outras grandes empresas ligadas ao sector florestal recebem apoios públicos de projectos florestais, no entanto é mitigado o apoio aos projectos das Associações de pequenos produtores florestais e á constituição de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). São os pequenos produtores florestais e suas associações muitas vezes em parceria com as autarquias que financiam as equipas de sapadores florestais existentes, bem como pagam os vigias florestais.

Procura-se justificar a construção de centrais de biomassa alegando-se a contributo destas unidades para a redução dos fogos florestais em Portugal. Este é um argumento que recolhe simpatia popular, mas contém uma ideia errada.Com efeito, para ser eficaz na prevenção de incêndios, uma central de biomassa deveria consumir preferencialmente matos e outra vegetação existente nas florestas. Este tipo de vegetação é caracterizado por ter grande volume por tonelada, o que implica ter de recolher e transportar grandes volumes, para um ganho energético relativamente modesto. Tendo em conta o preço da madeira teme-se que estas centrais venham a ser alimentadas pelo corte de árvores, em vez das lenhas, matos e silvas.

Os objectivos traçados pela Comissão Europeia para as energias renováveis - em que a biomassa tem um papel importante – leva-nos a concluir que em 2020 haja um deficit de 25% na oferta de madeira no continente para responder à procura.  

Todos os anos são gastos milhões de euros no combate aos incêndios Florestais. Muita legislação é produzida e sistematicamente anunciadas medidas para fazer face ao problema, mas a verdade é que todos os anos enfrenta-mos o drama dos incêndios na nossa floresta. Muitas teses são defendidas, mas a questão de fundo é o problema da ocupação do espaço rural. São as consequências desastrosas em termos de desertificação humana e económica de vastos espaços do País, fruto das políticas económicas de direita, e em particular da sua política agro-florestal que continua a promover o abandono dos campos e a impedir a própria sobrevivência económica das terras florestais. A recente alteração das regras da PAC aprovada pela direita e pelo PS de desligamento das ajudas da produção, vai traduzir-se em novos abandonos da produção agrícola.A insistência numa estratégia de florestação de terras agrícolas, para lá das consequências directas na propagação dos fogos, acelera a desactivação económica e humana das áreas rurais.

O PCP é proprietário de um valiosíssimo património de propostas em defesa da Agricultura, da Floresta e do Mundo Rural. 


Anibal Cabral - Membro da DORCB do PCP