XI Congresso da CGTP

Nos passados dias 15 e 16, e sob o Lema, Emprego, Justa Distribuição da Riqueza, Dar mais força aos sindicatos, a CGTP realizou o seu XI Congresso. Apesar de alguma imprensa ter procurado denegrir e apresentar o sindicalismo como um campo de acção esgotado e com fim à vista, a verdade é que uma vez mais, a CGTP deu provas da sua vitalidade, do seu sentido de responsabilidade e da sua capacidade para continuar a agir e a intervir em defesa de um país mais justo e solidário e em defesa do trabalho com direitos.

Durante dois dias ouvi o País Real. Durante dois dias, Homens, Mulheres e Jovens dos mais diversos sectores traçaram a dura realidade do que significa trabalhar e não receber, do que significa assumir a defesa do posto de trabalho ou do que significa ser sindicalista nos tempos de hoje onde impera a exploração como meio e o lucro a todo o custo como objectivo supremo.

Este é o Pais que o Governo PS/Sócrates detesta e odeia e que a cada passo se apressa em tentar liquidar e amesquinhar. O ódio de Sócrates aos Sindicatos, pelo menos a alguns, e aos seus dirigentes, é compreensível. Sócrates detesta a firmeza de convicções, a consistência da denúncia e sobretudo despreza quem não capitula e resiste.

No projecto de Sócrates não cabem os Sindicatos reivindicativos. Para Sócrates, que se auto-intitula de representante da esquerda moderna e democrática, ser-se reivindicativo é coisa do passado. No moderno, como afirma, só cabem aqueles que aceitam mudar, desde que tudo fique na mesma; isto é, os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

Pois na verdade, como o documento elaborado pela CGTP intitulado as Desigualdades em Portugal e disponível no site demonstra, Portugal é o país mais desigual da União Europeia, o terceiro com mais precariedade e o  mais injusto.

E corre o risco de vir a ser ainda mais, se a ofensiva contida no chamado Livro Branco e sustentada na expressão equívoca de flexigurança por detrás da qual o patronato e os seus apoios se escondem (ou pretendiam esconder-se) for por diante.

Com efeito, o que ali se defende é pura e simplesmente tenebroso, dou apenas alguns exemplos: subversão do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador;  desaparecimento da fixação, por lei, dos limites à duração diária e semanal dos horários de trabalho, num processo de desregulação nunca visto e a cereja em cima do bolo, tornar o despedimento mais fácil, mais barato e certo, incluindo a noção do despedimento por inaptidão.

Em face da ofensiva que se desenha a CGTP aprovou a sua carta reivindicativa e apontou algumas formas de luta DESTACANDO O OBJECTIVO DE TRANSFORMAR O 28 DE Março na maior manifestação da juventude trabalhadora, lançando em simultâneo um sério aviso ao governo. Entretanto, a FENPROF marcou já uma manifestação nacional de luta para o próximo 8 de MARÇO em defesa da Escola Pública e pelo direito à indignação. Direito que urge fazer sentir diante de um Governo que odeia os sindicatos e odeia os trabalhadores.

Por isso só resta uma opção: lutar. E tal como diz o ditado, se não há bem que sempre dure também não há mal que se não acabe. E este tal como outros acabará mais cedo do que pensa.

Jorge Fael - Membro da DORCB do PCP

Fevereiro 2008