Não à privatização da Água

Como é sabido, a consideração da água como bem económico incentivou a criação da “indústria da água”, cuja lógica tem sido subordinada quer pelo PSD, quer pelo PS, ao objectivo de retirar às autarquias as suas competências nos serviços de água e transformar a lógica do serviço público em negócio lucrativo. Mas, perante esta política, o que propõe a maioria no executivo camarário fundanense, que convém recordar, foi eleita para gerir, defender e modernizar o património público? Nada mais, nada menos, do que entregar a gestão da água a uma empresa privada, por 30 anos. Ou seja, em vez de resistir, capitula, e na mesma linha do governo, pretende transformar a água em lucro, impondo, sem um debate alargado e sem qualquer estudo, um modelo de gestão economicamente errado e socialmente injusto. Diga-se o que se disser, nada obriga o Fundão a privatizar a água.

E não será difícil ao município contar com o apoio dos trabalhadores e das populações para modernizar os serviços municipais e defender a gestão pública da água contra quem quer que seja, se essa for verdadeiramente a sua vontade, dado que é esse o seu dever. Caso a privatização não seja travada, em 2038, ano em que terminaria o contrato de privatização da água, este executivo já não estará em funções. Contudo, terá passado uma geração que nascerá e crescerá com a água privatizada, desconhecendo a importância de manter em mãos públicas um bem indispensável à vida. Nessa altura, também não sabemos em que condições teremos água…mas o que sim sabemos é que a água terá servido para enriquecer uns poucos à custa de muitos. 

É pois dever de todos impedir a privatização da água.

Jorge Fael - Membro da DORCB do PCP

Fevereiro 2008