MANDELA E OS FALSOS ENTUSIASTAS

Nelson Mandela fez 90 anos. O aniversário foi celebrado em todo o mundo. De certeza que as celebrações que envolveram grandes movimentações de pessoas expressaram as mais justas e as mais sinceras homenagens a um dos maiores vultos do século XX.
O exemplo da sua luta, da sua dignidade, da sua perseverança, da sua coerência, da sua capacidade de resistência, da sua coragem e da sua grande humildade, é um enorme legado que deixou ao seu país, ao seu povo e a todo o mundo, que merece ser lembrado das mais variadíssimas formas, como justamente, veio a acontecer.
Para quem anda neste mundo há algum tempo e não tem memória curta, tem a obrigação de resistir à ligeireza camaleónica, com que algumas organizações e conhecidas figuras políticas e da comunicação social tentam apagar o que à época dos acontecimentos opinaram, comentaram e escreveram sobre a luta contra o “apartheid”, levada a cabo pelo o ANC e seu presidente Nelson Mandela.
Razões não faltam para duvidar da sinceridade dos “entusiasmos” palavrosos que agora desembucham…Seria um óptimo exercício, fazer um inventário de opiniões e de escritos da época. Disponível o tempo, material não deve faltar, surpresas também não!
Já falámos mas não é demais lembrar, que as grandes agências noticiosas internacionais determinam em muito, as agendas e os conteúdos dos diferentes órgãos de comunicação social. O seu poder é tal que num instante o que lhes interessa difundir chega a toda a parte do Planeta, pode-se dizer sem hipótese de falhar, que o que se silencia é tão ou mais importante do que se divulga.
O que eles não lembram é que Mandela, muito antes de ser em 1993, Prémio Nobel da Paz e em 1994, ser o primeiro presidente negro da África do Sul, quando foi preso a última vez em 1962, era o comandante do braço armado do ANC, Umkhonto we Sizwe, a Lança da Nação. Que a prisão só foi possível por informações passadas pela CIA à polícia política na África do Sul. O que eles não dizem é que o preso número 46664 do regime do apartheid era considerado um perigoso terrorista e comunista. Nem lembram que durante os 27 anos de prisão, Nelson Mandela sempre recusou a sua liberdade condicional em troca de uma declaração de renúncia à luta armada. O que não dizem é tal como ontem, hoje continuam a utilizar a terminologia de “terrorista” quando se querem livrar de alguém “incómodo” para os seus sujos jogos de interesses, dando guarida aos verdadeiros terroristas e ditadores, que constam de uma vasta lista de crimes que a Amnistia Internacional (AI) publicou. É um facto que hoje continuam a usar o termo “terrorista” com a mesma facilidade que acusaram, ontem, Nelson Mandela.
Revezam-se em louvores e aclamações, mas omitem que Mandela fazia parte, até há dias, de uma lista com mais de um milhão de “terroristas” ou suspeitos de “terrorismo”, segundo revelou em 14/07 a American Civil Union (ACLU). Escamoteiam a revelação de que Mandela constava da lista e até, vão ao ponto, de não divulgar que já não faz parte dela, desde 1 de Julho de 2008, por decisão do Senado americano. Antes, segundo uma lei aprovada na era de Reagan, os membros do ANC, incluindo Mandela, poderiam deslocar-se à sede da ONU, mas não eram autorizados a viajar no território dos EUA.
Sabemos que este homem, antes, durante e depois dos 27 anos de prisão foi um grande combatente, não só, contra a política do apartheid, mas também contra o colonialismo, a favor da autodeterminação e independência dos povos africanos, cujos movimentos de libertação sempre contaram com o seu apoio incondicional. Foi um homem que lutou pela Paz contra a opressão e exploração capitalista.
Durante as celebrações dos seus 90 anos, no meio da verborreia oportunista, dos silêncios que calam ou esperam outras ocasiões, pressente-se que é apenas uma questão de tempo para usarem outras formas de actuação. Em muita prosa estão lá desencantos e desconfianças antigas que encobrem ambições frustradas, os desejos de trilhar caminhos neocolonialistas que sustentem a oportunidade sonhada de proveitos fáceis, mas onde a violência e a apropriação são inseparáveis. Apesar do antigo líder do ANC estar retirado, eles esperam para ver o que vai dar a era pós Mandela.
É de uma evidência cristalina que muita da fraseologia utilizada para estas celebrações vem carregada de um excessivo mas conveniente pendor para o endeusamento da figura de Nelson Mandela, o que vindo de quem vem, é de desconfiar. É que, criando uma bitola elevada é possível, no futuro, fazer comparações desadequadas e oportunistas. Do tipo, antes é que era bom…O capitalismo nunca desarma, mesmo em tempos que não correm de feição.
Os povos não podem baixar a guarda. Têm que estar preparados para a luta.
Carlos Vale - Membro da DORCB do PCP

Nelson Mandela fez 90 anos. O aniversário foi celebrado em todo o mundo. De certeza que as celebrações que envolveram grandes movimentações de pessoas expressaram as mais justas e as mais sinceras homenagens a um dos maiores vultos do século XX. 

O exemplo da sua luta, da sua dignidade, da sua perseverança, da sua coerência, da sua capacidade de resistência, da sua coragem e da sua grande humildade, é um enorme legado que deixou ao seu país, ao seu povo e a todo o mundo, que merece ser lembrado das mais variadíssimas formas, como justamente, veio a acontecer.

Para quem anda neste mundo há algum tempo e não tem memória curta, tem a obrigação de resistir à ligeireza camaleónica, com que algumas organizações e conhecidas figuras políticas e da comunicação social tentam apagar o que à época dos acontecimentos opinaram, comentaram e escreveram sobre a luta contra o “apartheid”, levada a cabo pelo o ANC e seu presidente Nelson Mandela. 

Razões não faltam para duvidar da sinceridade dos “entusiasmos” palavrosos que agora desembucham…Seria um óptimo exercício, fazer um inventário de opiniões e de escritos da época. Disponível o tempo, material não deve faltar, surpresas também não!

Já falámos mas não é demais lembrar, que as grandes agências noticiosas internacionais determinam em muito, as agendas e os conteúdos dos diferentes órgãos de comunicação social. O seu poder é tal que num instante o que lhes interessa difundir chega a toda a parte do Planeta, pode-se dizer sem hipótese de falhar, que o que se silencia é tão ou mais importante do que se divulga.  

O que eles não lembram é que Mandela, muito antes de ser em 1993, Prémio Nobel da Paz e em 1994, ser o primeiro presidente negro da África do Sul, quando foi preso a última vez em 1962, era o comandante do braço armado do ANC, Umkhonto we Sizwe, a Lança da Nação. Que a prisão só foi possível por informações passadas pela CIA à polícia política na África do Sul. O que eles não dizem é que o preso número 46664 do regime do apartheid era considerado um perigoso terrorista e comunista. Nem lembram que durante os 27 anos de prisão, Nelson Mandela sempre recusou a sua liberdade condicional em troca de uma declaração de renúncia à luta armada. O que não dizem é tal como ontem, hoje continuam a utilizar a terminologia de “terrorista” quando se querem livrar de alguém “incómodo” para os seus sujos jogos de interesses, dando guarida aos verdadeiros terroristas e ditadores, que constam de uma vasta lista de crimes que a Amnistia Internacional (AI) publicou. É um facto que hoje continuam a usar o termo “terrorista” com a mesma facilidade que acusaram, ontem, Nelson Mandela.    

Revezam-se em louvores e aclamações, mas omitem que Mandela fazia parte, até há dias, de uma lista com mais de um milhão de “terroristas” ou suspeitos de “terrorismo”, segundo revelou em 14/07 a American Civil Union (ACLU). Escamoteiam a revelação de que Mandela constava da lista e até, vão ao ponto, de não divulgar que já não faz parte dela, desde 1 de Julho de 2008, por decisão do Senado americano. Antes, segundo uma lei aprovada na era de Reagan, os membros do ANC, incluindo Mandela, poderiam deslocar-se à sede da ONU, mas não eram autorizados a viajar no território dos EUA.

Sabemos que este homem, antes, durante e depois dos 27 anos de prisão foi um grande combatente, não só, contra a política do apartheid, mas também contra o colonialismo, a favor da autodeterminação e independência dos povos africanos, cujos movimentos de libertação sempre contaram com o seu apoio incondicional. Foi um homem que lutou pela Paz contra a opressão e exploração capitalista.

Durante as celebrações dos seus 90 anos, no meio da verborreia oportunista, dos silêncios que calam ou esperam outras ocasiões, pressente-se que é apenas uma questão de tempo para usarem outras formas de actuação. Em muita prosa estão lá desencantos e desconfianças antigas que encobrem ambições frustradas, os desejos de trilhar caminhos neocolonialistas que sustentem a oportunidade sonhada de proveitos fáceis, mas onde a violência e a apropriação são inseparáveis. Apesar do antigo líder do ANC estar retirado, eles esperam para ver o que vai dar a era pós Mandela.

É de uma evidência cristalina que muita da fraseologia utilizada para estas celebrações vem carregada de um excessivo mas conveniente pendor para o endeusamento da figura de Nelson Mandela, o que vindo de quem vem, é de desconfiar. É que, criando uma bitola elevada é possível, no futuro, fazer comparações desadequadas e oportunistas. Do tipo, antes é que era bom…O capitalismo nunca desarma, mesmo em tempos que não correm de feição.

Os povos não podem baixar a guarda. Têm que estar preparados para a luta.

Carlos Vale - Membro da DORCB do PCP