Declaração Pública do 1º candidato da CDU pelo círculo eleitoral de C. Branco.
Eleições Legislativas 2024
Biblioteca Municipal de Covilhã
Sras. e Srs. Jornalistas,
Camaradas, Amigos,
Uma forte saudação a todos.
Lançamos hoje a nossa candidatura num lugar onde há livros, onde há conhecimento, sem o qual não é possível avançar.
Mas tal como Marx afirmou, ler livros não nos faz melhores, saber interpretá-los sim. Saber interpretar para o melhor poder transformar, como também deixou claro.
Essa é a nossa principal responsabilidade, a nossa tarefa, é isso que procuramos fazer, todos os dias, em todas as batalhas que travamos.
É por isso que partimos para este combate com muita confiança. Confiantes, mas conscientes do elevado nível de exigência que iremos enfrentar, as organizações do PCP e do PEV e os seus militantes, e todos os que connosco se batem pelo projecto de transformação corporizado na CDU, pois são muitos os obstáculos e muitas as endrominações da ideologia dominante, como sabemos.
As eleições legislativas no próximo dia 10 de Março, e quem diria que menos de dois anos depois da obtenção pelo PS da maioria absoluta, que pediu aos portugueses para lhe garantirem as condições para cumprir o seu programa, aqui estariamos novamente, são uma oportunidade para abrir caminho para uma política que dê resposta aos problemas que afectam os trabalhadores, o povo e o País.
As dificuldades da vida que as pessoas sentem, com os preços de bens e serviços essenciais a aumentar, assim como da habitação, a par da acelerada degradação dos serviços públicos contrastam com os lucros colossais obtidos pelos grupos económicos e multinacionais, na banca, no setor energético, na grande distribuição, nas telecomunicações, tudo à custa dos baixos salários e pensões.
Os 3 milhões de portugueses que têm salário bruto inferior a 1000 euros, os 70% dos pensionistas recebem menos de 500 euros contrastam com os 25 milhões de euros de lucro por dia obtidos pelos principais grupos económicos nos primeiros meses de 2023. Lucros obtidos com a conivência e a cumplicidade do Governo PS, com o apoio do PSD, CDS, IL e CH.
Hoje é mais claro porque é que o Governo PS ambicionava a maioria absoluta: não era para resolver os problemas, mas sim para favorecer os interesses dos grupos económicos e das multinacionais, como a realidade comprova.
O Governo PS optou por atribuir borlas fiscais aos grupos económicos, em vez de valorizar o poder de compra dos trabalhadores e dos reformados; optou pelas parcerias publico privadas e por privatizações, em vez de controlar e fixar os preços de bens e serviços essenciais; optou por transferir recursos públicos para os grupos privados, como os 8 mil milhões de euros do orçamento da saúde, ao invés de adoptar as medidas para salvar o SNS, reforçar a Escola Pública, garantir o direito à habitação.
O Governo PS dispunha de todas as condições para dar resposta aos problemas, não o fez porque não quis.
Para valorizar a sua governação, o PS tem a necessidade de evidenciar, não o período da maioria absoluta, mas o período após as eleições de 2015. O que fez a diferença nesse período, que derrotou a política de desastre do PSD/CDS, onde estavam muitos dirigentes hoje da IL e do CH, não foi o PS, mas sim a força e o papel decisivo do PCP na defesa, reposição e conquista de direitos, como a gratuitidade dos manuais escolares, a redução do valor do passe social e integração dos diversos meios de transporte, o aumento extraordinário das pensões ou a gratuitidade das creches. Só não foi mais longe porque o PS não quis. Tal como em 2021, não quis encontrar soluções para os problemas centrais, os salários e pensões, a saúde e a habitação. Se nessa altura tivessem sido aprovadas as propostas do PCP, hoje a situação estaria diferente, para melhor.
A vida comprovou que não é no PS, nem no PSD, no CDS, na IL e no CH que os trabalhadores e o povo encontrarão resposta para os problemas. O carrossel PS, PSD/CDS nas últimas décadas, não só não é solução, como tem sido responsável pelo agravamento da situação.
A solução não passa pela mudança de protagonistas para que tudo fique na mesma ou pior.
É mesmo hora de mudar de política, para uma política alternativa, patriótica e de esquerda.
A CDU é a força política que propõe a política alternativa necessária, para o progresso e o desenvolvimento. Uma política que:
- Valorize os salários, as carreiras e as profissões e revogue as normas gravosas da legislação laboral;
- Valorize as pensões e as reformas e assegure uma rede pública de lares;
- Promova os direitos das crianças e assegure uma rede pública de creches e a universalidade do abono de família;
- Defenda as funções sociais do Estado e os serviços públicos e reforce o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a protecção social;
- Promova a livre criação e fruições culturais, cumprindo o objetivo de 1% para a cultura;
- Assegure o direito à habitação, à mobilidade, alargando a oferta de transportes públicos;
- Garanta o acesso à justiça, e valorize os profissionais da proteção civil, das forças e serviços de segurança, das forças armadas e da justiça
- Valorize a produção nacional, recupere o controlo público de empresas e sectores estratégicos, apoie as MPME e promova a justiça fiscal;
- Fixe e redução os preços, sobretudo dos alimentos, da energia e das telecomunicações;
- Defenda o ambiente, proteja os ecossistemas e a biodiversidade, garanta o acesso à água como um direito e não como um negócio;
- Combata a corrupção, as privatizações, o favorecimento do capital e ponha fim à promiscuidade entre poder político e poder económico;
- Afirme a soberania e independência nacional, por uma política externa de paz e cooperação entre os povos.
Camaradas, Amigos,
Vivemos num distrito cheio de potencialidades e riquezas, que continuam por colocar ao serviço das populações e do desenvolvimento regional, marcado pelo despovoamento, pelo envelhecimento demográfico, pela destruição da capacidade produtiva e pela destruição de postos de trabalho, pelo desinvestimento público, com compromissos assumidos e sucessivamente adiados, pelas dificuldades crescentes no acesso, por exemplo ao Serviço Nacional Saúde, afectado pela falta de profissionais, e de cuja degradação se alimenta o negócio da saúde que de mansinho ou com estardalhaço vai avançando com a cumplicidade, a generosidade e a acção facilitadora, como lhe chamam alguns autarcas que, pasme-se, se afirmam acérrimos defensores do SNS.
Municípios que competem para atrair profissionais para dar resposta aos utentes sem médico de família, que só no ACES da Cova da Beira rondam os 10 mil, enquanto se avança com a criação da ULS que não resolverão os problemas, pelo contrário, pois o que as experiências já implementadas têm demonstrado é que o hospital continua a ocupar o espaço primordial, hiperconcentrando serviços, e remetendo os hospitais periféricos e os Cuidados de Saúde Primários ao papel de parente pobre no que toca a serviços e meios humanos e financeiros.
Recentemente, quer na sequência das jornadas parlamentares do PCP da Serra da Estrela, quer no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2024, o PCP apresentou propostas concretas para resolver vários problemas do distrito e para melhorar a produção local e valorizar as condições de vida e de trabalho, como por exemplo: - Modernização do regadio da Cova da beira e concretização do regadio sul da Gardunha; valorização da lã nacional; Eliminação de portagens nas ex-scut, cuja luta saudamos e irá continuar; Redução do passe social para 20 euros, a sua gratuitidade para as pessoas com mais de 65 anos e para todos os jovens até aos 23 anos e fixação de preço máximo nos 20 euros nos passes metropolitanos ou regionais e a criação de um passe nacional inter-regional no valor de 40 euros, e reforço das verbas afectas ao PART e ProTranspor; Construção do IC 6, do IC 31, entretanto atirados para as calendas; Requalificação do IC8; reforço dos meios do ICNF, da Protecção Civil; Reforço das Telecomunicações.
Propostas rejeitadas pelo PS e pela direita, que se vai revezando, conforme as conveniências.
Mas não tarda, aí estarão os mesmos do costume, com os mesmos anúncios e promessas, procurando por o conta quilómetros a zero e voltar a prometer o que já prometeram diversas vezes e não concretizaram, dizendo que agora é que vai ser.
Camaradas, Amigos,
Do PS, ou do PSD, do CDS, da IL e do CH, já se sabe que não são solução.
Devolvida a palavra ao povo, está na altura de confiar o voto à CDU, à única força capaz de transformar a esperança em luta e a luta em resultados concretos para os problemas das pessoas, lembrando sempre, que é a composição da Assembleia da República que determina a política que será prosseguida e a solução política para o Governo.
O que está em causa nestas eleições é o confronto entre uma política orientada para garantir lucros do capital e uma política alternativa que assuma o aumento dos salários e os direitos dos trabalhadores como condição de desenvolvimento, que defenda as crianças e os jovens e garanta o direito a envelhecer com dignidade. Uma política que em vez de subordinação às imposições de Bruxelas, reforce os serviços públicos e o investimento na saúde, na educação, na cultura, no desporto, e que em vez de garantir os interesses da grande propriedade, da banca e da especulação, assegure o direito à habitação para todos. Uma política que em vez de insistir nas privatizações das empresas e sectores estratégicos assegure o seu regresso ao seu controlo público, e que em vez da mercantilização do ambiente e dos bens públicos, garanta o seu usufruto como direito de cidadania. Uma política que em vez de insistir na fragilização do Poder Local Democrático, através da transferência de responsabilidade e encargos para autarquias, nas áreas da saúde, da educação, da habitação, da acção social, promova um verdadeiro poder regional e o reforço financeiro dos municípios.
É para tudo isto e muito mais que são necessários mais deputados do PCP e do PEV, para a concretização de uma política de esquerda, para dar combate à política de direita e às forças reacionárias.
Não haja qualquer ilusão com o PS. Não é o PS que combate a política de direita, nem as forças reacionárias, pelo contrário. É o próprio PS que as alimenta com a sua própria política.
O que é necessário, é o reforço da CDU, com mais votos e mais deputados, por que sempre que isso acontece, quando PCP e a CDU têm mais força, a vida das pessoas anda para a frente.
Os que aqui estamos, sabemos bem que assim é, pelo que o desafio que se coloca a todos, camaradas e amigos, é a mobilização de forças e vontades, de confiança e determinação na luta por uma política alternativa, por um rumo de progresso e de desenvolvimento para o país e para o nosso distrito.
O que se impõe a cada activista da CDU são as tarefas de informar e esclarecer, mobilizar os camaradas, os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho, de aproveitar todas as oportunidades de conversa para a importância do voto na CDU.
É necessário ir ao contacto, nas ruas, nos locais de trabalho, à porta das empresas e dos centros de transportes, nas feiras e mercados e outros locais onde se juntam pessoas ou onde encontraremos sozinhas as que necessitam de conhecer as nossas propostas, que estão desinformadas, descrentes e desorientadas.
É hora de mudar de política! É a oportunidade para dar mais força à CDU!
Como disse Odete Santos, que partiu o ano passado, citando José Gomes Ferreira, “temos saudades do futuro”, e Manuel Gusmão, que também nos deixou, “nós somos a esperança que não fica à espera!”
Sim, foi desta esperança que se fez a Revolução de Abril, que este ano celebra 50 anos, e é também por isso que aqui estamos: para nos batermos por eleger uma AR digna da Revolução.
Viva a CDU!