No dia 12 de Dezembro de 2008 teve lugar uma Sessão Ordinária da Assembleia
Municipal da Covilhã. Esta Assembleia tinha como assunto primordial a apreciação do
Plano e Orçamento da Câmara Municipal para o ano de 2009.
Nesta Assembleia houve um facto de grande significado politico. O grupo do PS (o maior
grupo da oposição) não fez qualquer intervenção. Esta atitude é reveladora do desnorte,
descoordenação, desleixo e abandono dos eleitos do PS. Afinal de contas estavamos a
apreciar o documento mais importante na vida concelhia que irá ter reflexo no próximo ano,
com as autárquicas à porta.
"3ª Revisão Orçamental"
A Câmara Municipal, depois de 15 alterações orçamentais e de duas revisões
orçamentais propõe à Assembleia uma 3ª Revisão.
Uma primeira nota:
Depois de tantas alterações e das duas revisões orçamentais o orçamento inicial,
aprovado por esta Assembleia Municipal, encontra-se completamente adulterado.
Quanto à revisão que nos é proposta pode-se afirmar que não é mais do que o corte em
obras concretas e em despesa deferindo-as, adiando-as, para orçamentos futuros.
E onde propõe a Câmara aplicar as verbas resultantes de receitas adicionais
(1.381.337,58 €) e de diminuições/anulações em várias intervenções definidas no Plano,
no valor de 4.375.738,42€ ?
1 - Para pagamento de trabalhos especializados (pressupõe-se que seja à EDP) já que
não existe qualquer especificação. – de 1.094.000,00 para 1.154.000,00
2 – Para pagamento de juros de empréstimos de médio e longo prazos – de 1.754.000,00
para 2.076.000,00.
3 – Para pagamento de passivos financeiros – de 1.956.000,00 para 4.956.000,00.
4 – Para pagamento à Administração Pública Central ( Rúbrica que não existia no
Orçamento) no valor de 1.924.076,00.
Penso que a Assembleia merece uma explicação quanto ao aparecimento destas
despesas e a que correspondem.
Quanto às anulações, como já foi referido, correspondem a obras que não se executaram
em 2008 e que irão continuar no papel, no próximo ano e outras que irão desaparecer do
Plano e Orçamento.
Discordando desta prática de manipulação do orçamento com a sua completa distorção e
discordando da forma fácil como se inscrevem obras, se criam espectativas nas
populações e se anulam e se lançam para o Orçamento do ano seguinte, iremos votar
contra esta revisão.
"Orçamento e Plano para 2009 da CMC"
O Executivo Municipal propõe-nos um Orçamento e um Plano de Actividades que tem na
sua receita e despesa o valor de 89.228.628,00 €
Apresenta-nos um Orçamento que não está longe do que foi realizado e executado em
2007 que apresentou na receita e na despesa o valor de 86.062.582,40 €.
Contudo, existem diferenças substanciais e estruturais entre o executado em 2007 e o
previsto para 2009.
No orçamento da receita corrente verificam-se valores demasiado optimistas na cobrança
de impostos e taxas, correspondentes a 10% das receitas.
Claramente irrealistas são os valores estimados na venda de bens e serviços passando-se
de 869 mil Euros cobrados em 2007 para uma estimativa de cerca de 2 milhões e 500 mil
Euros.
Quanto às transferências correntes, nomeadamente as da Administração Central,
parece-nos que os valores se aproximam da realidade.
Porém, a grande diferença verifica-se nas receitas de capital, onde aparecem valores que
correspondem a 58,3% do Orçamento, prevendo-se a venda de terrenos e de habitações
para financiamento do Plano.
Se a execução de 2007 foi, essencialmente financiada pelo recurso aos empréstimos, o
de 2009, espera o Executivo financiá-lo à custa da venda de património.
E qual é o património municipal que o Executivo pretende alienar?
1 - As habitações sociais da Quinta da Alâmpada, da Biquinha, dos Penedos Altos, da
Rua Cidade do Fundão, da Rua Mateus Fernandes, do Teixoso e do Tortosendo;
2 – 2 Prédios rústicos com 81 mil metros quadrados sem os identificar e sem indicar a sua
localização;
3 – Lotes de terrenos e habitações várias em diferentes freguesias;
4 – O Campo das Festas.
Depois da venda de todo o património dos Serviços Municipalizados e das Águas da
Covilhã, da venda do Gameiro, da venda do subsolo do
Pelourinho e do espaço à superfície com potencial de estacionamento, da entrega de
serviços públicos a particulares, da alienação das rendas das habitações, temos agora a
liquidação total.
Todo o espaço e património municipal , para este executivo, é vendável, colocando-o ao
serviço de meia dúzia de senhores da cidade e dos construtores civis.
A Câmara Municipal comporta-se como se fosse uma mera empresa privada que instala
serviços, constrói habitações, compra e vende terrenos com o dinheiro dos contribuintes,
para venda no mercado. Oferecendo, desta forma, a oportunidade à tal meia dúzia –
Senhores das Cidades - de se apropriarem do espaço público, da riqueza natural e das
mais valias que deveriam estar ao serviço das populações.
Estamos perante um acontecimento inédito no País.
Temos um Executivo Municipal que quer transformar a Autarquia Local, que se pressupõe
gerir a “coisa pública”, em empresa imobiliária de venda de lotes e moradias, de recursos
naturais e de venda de serviços culturais, desportivos, urbanísticos e de planeamento a
quem tiver dinheiro para os comprar.
E assim se transfere o que é de todos para as mãos de alguns.
Esta situação deverá ser motivo de reflexão de todos aqueles que se encontram em
exercício público, mandatados pelo povo que os elegeu para defenderem o bem comum e
público.
Quanto ao Orçamento da Despesa Corrente verifica-se um aumento nas rúbricas de
Aquisição de Bens e Serviços, com especial aumento em Outros Trabalhos
Especializados, onde de 1 milhão se passa para 3 milhões e um aumento na rúbrica dos
subsídios a atribuir a Instituições sem fins lucrativos.
As Despesas de Capital sobem para 65 milhões e 500 mil Euros em obras diversas que
se arrastam no Plano de ano para ano, 100 projectos/obras arrastam-se no Plano desde
2002, o que significa que muito existe por fazer em várias áreas, obras por iniciar, e obras
concluídas com pagamentos deferidos no tempo através dos empréstimos.
Estamos perante um Plano que tem mais de 50% das suas receitas afectas a dívidas
anteriores. O resto é para o lançamento de meia dúzia de obras e para a campanha
eleitoral.
A isto se chama ineficiência, ineficácia e incompetência na acção municipal.
Ao nível das responsabilidades financeiras (juros, amortizações, locações ) o Executivo
prevê o pagamento de cerca 7 milhões de Euros, o que corresponde a 30% das receitas
correntes e dá-nos a dimensão do peso da dívida.
Quanto às tranferências correntes e de capital o Executivo propõe 2 milhões e cento e
cinco mil Euros para empresas públicas municipais e intermunicipais e privadas, sem
especificar quais as empresas.
? O Executivo vem propor que esta Assembleia autorize tais transferências quando, com
arrogância, viola a lei autárquica e as competências desta Assembleia ao recusar-se a
apresentar qualquer relatório da sua actividade e participação naquelas empresas ?
? O Executivo quer dois milhões de Euros para utilizar como quer e quando quer sem
qualquer acompanhamento da Assembleia ?
A actividade autárquica deve ser clara e transparente. E aos eleitos não basta afirmarem
que fazem uma gestão honesta, é necessário prová-lo, apresentando contas e relatórios ao
escrutínio desta Assembleia e da opinião pública.
Quanto ao Plano de Actividades Municipais com uma dotação de 9. 430.000 Euros é,
quanto a nós, um programa de acções municipais viradas para a intervenção social em
ano eleitoral.
O Executivo já decidiu os montantes a atribuir a eventos culturais (10), a festividades(11), a
colectividades (17), ao Cartão do Idosos e a actividades a ele ligadas (5), a bombeiros, a
Feiras (8), a transferência para as empresas municipais e sociedades privadas (4), para
as Juntas de Freguesia (5) e uma rúbrica de Outros onde se salienta 1 milhão e 200 mil
Euros para a Iluminação Pública.
Eu já desconfiava que andávamos a gastar muita energia com 2 e 3 redes de sistemas de
iluminação pública diferentes em funcionamento na mesma via, mas, pensava eu, que
talvez fosse “de borla”.
Afinal não é.
É que o desperdício é elevado.
Quanto aos montantes referidos para apoios diversos o Executivo já definiu o que vai
financiar, indica o valor, mas não informa quais.
É a prova, clara e objectiva, da falta de transparência e dos jogos eleitorais do próximo
ano.
Sr Presidente
Estamos perante um Plano que se repete ao longo dos anos e que tem por base um
orçamento inflaccionado sustentado pela venda/alienação do património público. Em cada
ano ficamos mais pobres e mais endividados e os problemas concelhios mantêm-se.
É tempo de se romper com este tipo de política e de gestão municipal.
Pelo que ficou exposto
Votamos contra
ACERCA DA ACTIVIDADE E SITUAÇÃO FINANCEIRA DO MUNICIPIO
Mais uma vez o Executivo não cumpre a Lei numa atitude de arrogância e de confronto
claro com a Assembleia Municipal.
De forma sistemática não apresenta qualquer relatório sobre a actividade municipal
limitando-se, tão só, a apresentar uma folha com a situação financeira do Município.
Apesar dos protestos dos eleitos desta Assembleia, do PS, do BE e da CDU o Executivo
continua sem apresentar qualquer relatório.
Ora, isto só é possível porque a maioria instalada e o Sr. Presidente da Assembleia
Municipal são coniventes com tais procedimentos e permitem que o Executivo continue a
desrespeitar a Assembleia.
Porque, meus senhores, o dever do Executivo, em incumprimento sistemático, não é um
direito dos eleitos da oposição, é um direito da Assembleia Municipal e de todos os seus
membros não podendo, por força legal, prescindir dele.
Como é possível a Assembleia Municipal cumprir as suas atribuições e competências,
nomeadamente a de acompanhamento da actividade municipal, se o Executivo não
entrega o que lhe compete entregar?
Não será este procedimento (esconder a informação) uma forma de obstrução, clara e
objectiva, ao trabalho dos eleitos municipais?
E quando os eleitos do PSD estiverem na oposição irão permitir que o Executivo Municipal
não apresente qualquer documento?
Irão permitir comportamentos semelhantes de autismo, de arrogância, de prepotência e de
imposição ditatorial de uma maioria conjuntural?
Irão permitir e aceitar que um Presidente da Assembleia Municipal se demita das suas
funções quando não assegura que o Executivo cumpra com os seus deveres com o órgão
deliberativo?
Ou será que irão confirmar a incoerência e a falta de princípios, de quem alterna no poder
nos últimos 32 anos?
O que está em causa neste processo, meus senhores, é o incumprimento da Lei, o
desrespeito por todos os eleitos, a dignidade do exercício do mandato popular, o laxismo
do Senhor Presidente da Assembleia Municipal e o prestígio do órgão deliberativo e
fiscalizador da acção municipal.
Quanto à informação financeira saliente-se:
Ponto um)
O valor elevadíssimo das dívidas municipais – 119.227.163€ (próximo dos cento e vinte
milhões de Euros)
Ponto dois)
A dívida elevada a fornecedores diversos – 3.047.510 €.
O que demonstra que a Câmara tem sido má pagadora. Situação esta agravada com o
facto de que, segundo informações de Associações do sector das obras públicas, tem um
período de pagamento superior a 7 meses.
Não podemos esquecer que, face à situação financeira do País e à recessão que está
instalada, esta dívida irá traduzir-se em dificuldades acrescidas para pequenas e médias
empresas e o emprego no Concelho.
Ponto três)
A dívida às Juntas de Freguesia – 895.480€ - Quase um milhão de Euros.
Este valor é demonstrativo que as Juntas de Freguesia têm –se substituído à Câmara
Municipal em funções desta.
Este valor é demonstrativo, ainda, de que as Juntas de Freguesia e logo, as populações,
estão a ser depauperizadas pela Câmara Municipal, reduzindo esta, na prática, a
capacidade de intervenção das Juntas de Freguesia na resolução de problemas das suas
populações.
É pressuposto e tem cobertura legal que a Câmara Municipal deve apoiar a actividade das
Juntas de Freguesia.
Ora, o que se verifica no Concelho da Covilhã, de forma inédita, é o inverso.
As Juntas de Freguesia é que financiam a Câmara Municipal.
A Câmara Municipal deve o dobro do montante que se compromete transferir anualmente
para as Juntas de Freguesia.
Face aos números é compreensivo que as Juntas de Freguesia e os Senhores
Presidentes de Junta estejam a viver com algumas dificuldades, porque as verbas
transferidas pela Administração Central continuam a ser escassas face às necessidades
das populações.
Mas, com uma Câmara Municipal que não transfere apoios financeiros e que fica a dever,
a actividade autárquica nas freguesias complica-se ainda mais.
Ponto quatro)
As partes de capital e as excepções só servem para construir a ideia de que ainda temos
uma folga de 53. 718.348,00 para atingir o limite de endividamento líquido, e descansar,
como é evidente, o cidadão que pouco sensibilizado para a actividade municipal.
Mas alguém pretende atingir o limite, a ruptura financeira?
A verdade é que já estamos a arriscar demasiado.
Esta Câmara Municipal iniciou o seu mandato em 1998 com uma dívida próxima dos 20
milhões de Euros (incluindo a dívida à EDP), contraídos, no essencial, no primeiro mandato
do Sr Presidente Carlos Pinto (2000 – 2004).
Se se considerar, por baixo e em valores médios, que a receita líquida anual da Câmara
Municipal, se situou à volta dos 25 milhões de Euros, conclui-se, por baixo, sublinho, que
esta gestão (durante 10 anos) teve à sua disposição cerca de 338 Milhões de Euros.
É de facto muito dinheiro.
E ainda, hoje, temos carências básicas por resolver na rede viária, no saneamento básico,
nos equipamentos públicos de educação, desporto e cultura, no lazer e turismo, na
protecção civil, no desenvolvimento económico, etc.
Passados 10 anos estamos em 108 milhões (com a dívida à EDP).
Mas.. Voltando ao mapa
Que dívida é esta à EDP no valor de 11.506.679 € ? Quando foi contraída ? Em que obra ?
A DGAL comunicou que o limite de endividamento líquido é de 23.259.701,00.
Acredito, contudo onde está o documento que suporta tal afirmação?
Estas situações, meus senhores, são os factos políticos de grande relevância porque têm
comportamentos antidemocráticos e números a suportá-los, sendo demonstrativos de uma
gestão pouco transparente e, também, da sua falência.
Falência da gestão do PSD.
Falência da gestão de Carlos Pinto.