Sala cheia para assistir ao comício do PCP na Covilhã, com a participação do Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa. "Lutar contra as injustiças, exigir uma vida melhor" foi a campanha que o Partido levou a cabo desde Janeiro junto dos trabalhadores e das populações. Jerónimo de Sousa alertou para o crescimento das desigualdades e injustiças e para a necessidade do crescimento da luta de massas como condição para combater os intuitos do Governo, dos partidos da direita e do grande capital económico e financeiro.
(Pode ouvir-se a intervenção de Jerónimo de Sousa no site oficial do PCP - www.pcp.pt).
Intervenção de Patrícia Machado, responsável da Organização Regional de Castelo Branco do PCP
"O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e em extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção directa a desvalorização do mundo dos homens.”
Camaradas este extracto de um texto de Karl Marx está hoje em pleno século XXI profundamente actual e é lá nas empresas e nos locais de trabalho que se sente fortemente a senda exploradora do capital sobre o trabalho, em que se intensifica a luta de classes.
Hoje os trabalhadores, os jovens, mulheres, refomados micro, pequenos e médios empresários, estão confrontados com duros e ferozes golpes a conquistas de Abril e com o crescimento da exploração.
No Distrito de Castelo Branco intensifica-se a desertificação, os números da emigração, o abandono das aldeias e vilas com todas as consequências para o desenvolvimento e o crescimento da região.
O Sector Produtivo enfrenta grandes dificuldades. Um Distrito que já teve centenas de empresas industriais, milhares de operários e trabalhadores no sector produtivo industrial e agrícola está hoje perante um cenário de destruição de sectores tradicionais na industria e agricultura. E não, camaradas, não é uma visão nem fatalista nem derrotista, e sim uma análise real, verdadeira com responsáveis e protagonistas e que urge alterar.
O desemprego registado no Distrito, em Janeiro, já ultrapassava os 11 mil trabalhadores. Destes 40% são jovens e 56% mulheres. São muitos os sectores afectados, principalmente no industrial. Mais de 20 empresas dos sectores tradicionais foram encerradas em 3 anos. Em 10 anos foram destruídos 4000 postos de trabalho só no têxtil e vestuário e entre Outubro de 2008 e Dezembro de 2009 cerca de 1000. A destruição no sector agrícola e da floresta, sendo exemplo as grandes dificuldades no sector do leite, do azeite, vinho, frutícolas e hortícolas, ou a situação de muitas cooperativas, lagares e adegas; na metalomecânica, industria alimentar, construção civil e centenas de micro e pequenas empresas do comércio e restauração, representam bem as dificuldades do sector produtivo no Distrito.
Necessário é também referir a desqualificação e encerramento de muitos serviços da Administração pública, na educação com o fecho de 24 escolas, na saúde, administração interna, correios e muitos outros, com consequências penalizadoras na prestação de serviços às populações e prejudicando muitos trabalhadores destes serviços.
O Distrito tem sido votado a políticas de direita, prejudicando o investimento e o desenvolvimento regional necessário e possível. O PCP há muito que propõe um Plano de Emergência para o Distrito que tem sido consecutivamente chumbado e inviabilizado pelo PS, PSD e CDS-PP na Assembleia da República.
A par deste importante instrumento também as inúmeras propostas apresentadas em sede de PIDDAC são rejeitadas como aconteceu este ano. Propostas na área das acessibilidades como é o caso do IC31 e IC6, de reforço na área da saúde, educação e administração interna. Mais uma vez os deputados do PS, do PSD e do CDS inviabilizaram estas propostas.
O PCP tem vindo a reivindicar a melhoria dos salários, pensões e reformas que no Distrito estão abaixo da média nacional, situando-se nos 614 euros mensais, sendo que um número elevado de trabalhadores auferem o Salário Mínimo Nacional. No plano das reformas a média situa-se nos 306 euros mensais para milhares de reformados no Distrito, claramente insuficiente para o direito a uma reforma digna.
A precariedade é também uma realidade em crescendo. Há muito que a excepção se transformou em regra, 1 em cada 4 trabalhadores no Distrito têm vínculos de trabalho precários sendo os jovens os mais afectados, até aos 30 anos 41% são trabalhadores precários.
A situação nas empresas e locais de trabalho agudiza-se e são inúmeros os exemplos:
- A suspensão dos contratos das 120 trabalhadoras da ex-Massito no Fundão e de 30 na Carveste em Belmonte aguardando respostas e apoios que tardam em chegar. O PCP por inúmeras vezes questionou o Governo sobre estas situações e onde estão os tão falados apoios para o sector textil;
- O desfecho negativo do processo de insolvência da Vesticon, no Tortosendo, com a liquidação do património. Recordar que o PCP de há um ano para cá tem vindo a alertar esta situação, junto do Governo, sem que este tenha desenvolvido os esforços necessários para salvar esta empresa e os postos de trabalho.
- A redução do emprego com o despedimento nas águas do Alardo no fundão ou recentemente na Danone
- a tentativa de aumento da carga horária na Danone Castelo Branco
- O uso e abuso do Lay-off na Bitzer, Fábrica dos relógios, Avri, Patrimat
- a destruição silenciosa de emprego na construção civil
- O congelamento dos salários e o regime de carreiras e remunerações na Administração Pública.
Camaradas e amigos
O Distrito não está condenado ao abandono, há respostas e medidas possíveis e necessárias de serem concretizadas com vista ao desenvolvimento, ao investimento e à salvaguarda dos direitos dos trabalhadores e das populações.
- É necessário um programa de revitalização do aparelho produtivo, da formação e qualificação, do investimento público e de medidas sociais para:
- apoiar e valorizar a agricultura familiar, os pequenos e médios agricultores e o crescimento da produção
- Apoiar e valorizar o sector dos têxteis e vestuário,
- Dinamizar a economia e o mercado nacional, apoiando o aparelho produtivo e os micro, pequenos e médios empresários;
- Desenvolver o ensino superior e a investigação públicas;
- Combater a precariedade. Posto de trabalho permanente deve corresponder a contrato de trabalho efectivo
- Defender e implementar serviços públicos de qualidade e proximidade,
- A valorização dos salários, pensões e reformas, os direitos dos trabalhadores e a defesa da produção nacional são condições insubstituíveis para o crescimento e desenvolvimento económico
Esta é uma linha de actuação bem diferente da que nos tem sido impingida ao longo dos anos e em que o recente PEC é bem exemplo. PEC que de crescimento e de estabilidade não tem nada, bem pelo contrário, vai acentuar e agravar as desigualdades e injustiças sociais, contrariar o investimento público, atacar quem trabalha, dar mais a quem tem muito e retirar a quem já pouco tem.
Camaradas e amigos
Sacudamos a ideia da inevitabilidade e da resignação, valorizemos e animemos a resistência e a luta dos trabalhadores e das populações como factor determinante para derrubar estas políticas e conquistar uma verdadeira alternativa.
Daqui deste comício uma forte saudação aos trabalhadores que resistem e lutam no Distrito:
- aos mineiros da Panasqueira que lutam pelo aumento dos salários e cuja greve tem alcançado forte adesão;
- Às operárias da ex-Massito e da Carveste que resistem e lutam pelos postos de trabalho e pelo emprego com direitos;
- Aos trabalhadores da Danone que resistem e lutam contra a diminuição do emprego e o aumento do horário de trabalho
- Aos trabalhadores da Administração Pública pela persistente luta que têm desenvolvido, o êxito da Greve de 5 de Março e que estarão em luta no Distrito a 16 de Abril, os professores que com a sua luta defenderam direitos, aos enfermeiros que estarão novamente em greve a partir de 29 de Março,
- Aos jovens trabalhadores que se manifestaram 6ª feira em Lisboa;
- A todos aqueles que se encontram no desemprego; a todos os trabalhadores do Distrito, homens, mulheres e jovens
Sabem que podem contar com o PCP
Tem sido a mensagem de confiança e de alternativa que o PCP tem levado aos trabalhadores e às populações do Distrito, ao longo da campanha “Lutar contra as injustiças exigir uma vida melhor”.
Outro caminho é possível, continuamos a lutar para transformar o sonho de Abril em vida e para isso é condição necessária um PCP mais forte, um PCP ligado às massas.
É por este caminho que temos ido, é por este caminho que continuaremos a ir, pelo desenvolvimento regional, pelos direitos dos trabalhadores e das populações, contra a exploração do homem pelo homem, pelo socialismo e pelo comunismo.
Vivam os trabalhadores e as populações do Distrito de Castelo Branco!
Viva a JCP
Viva o Partido Comunista Português