No quadro de uma jornada dedicada à floresta, sob o lema "Uma floresta ao serviço do País e do progresso social", Miguel Viegas, deputado do PCP no Parlamento Europeu, acompanhado de dirigentes do PCP no distrito, esteve nos dias 13 e 14 de Março no Distrito de Castelo Branco onde reuniu com a Associação de Produtores Florestais do rio Ocreza, com a AFLOBEI, Associação de Produtores Florestais da Beira Interior, com os conselhos diretivos dos baldios de Cortes do Meio e de Vila de Carvalho, acabando a jornada com um encontro com o presidente da associação Pinus Verde. Estas visitas enquadram se numa ação mais vasta na qual os três deputados do PCP no Parlamento Europeu, Miguel Viegas, Inês Zuber e João Ferreira se desdobram pelos distritos de Castelo Branco, Vila Real e Viseu, procurando assim recolher contributos para um relatório sobre floresta atribuído ao PCP na Comissão de Agricultura.
Nos encontros com produtores florestais, foram discutidos os grandes problemas do setor que impedem o setor florestal de expressar todo o seu potencial. Os constrangimentos são de vária ordem, e têm que ver sobretudo com um ciclo econômico longo e arriscado é uma estrutura fundiária muito fragmentada. Só com uma política pública de apoio ao associativismo será possível garantir uma inserção no declínio da nossa floresta. A reordenação da Política Agrícola Comum, afectando mais apoios ao investimento da refloestação e ao funcionamento das estruturas associativas, deverá estar no centro das reivindicações dos deputados comunistas. Outros aspectos relevantes foram igualmente referidos como a falta de financiamento da banca para financiar projetos aprovados, exigindo garantias impossíveis de fornecer, ou a necessidade de criar estratégias devidamente articuladas de controlo e erradicação das principais pragas que afetam a nossa floresta.
Já na segunda parte da visita resulta a ideia que não bastam bonitas palavras e piedosas intenções para recuperar e valorizar a floresta. São necessárias políticas concretas e apoios ao movimento associativo cuja papel insubstituível deve ser reconhecido num quadro de grande fragmentação da propriedade. Por outro lado, é igualmente necessário reconhecer a importância dos baldios que representam uma parte significativa da área florestal e têm provas dadas numa boa gestão da propriedade comunitária. Para isso, importa desde já revogar a última revisão da lei dos Baldios que veio dificultar o seu funcionamento. É necessário criar condições para colocar os conselhos diretivos dos Baldios poderem concorrer sem entraves administrativos aos projetos da União Europeia.
Um segundo aspecto muito focado foi a necessidade de serem desenvolvidas a jusante as atividades econômicas capazes de valorizar os diversos produtos da floresta, desde a biomassa, o mel, a resina ou os cogumelos, sem deixar de referir às atividades de lazer e turismo que podem igualmente acrescentar valor à fileira. Naturalmente que esta visão integrada da fileira florestal implica uma política regional pensada e devidamente apoiada no empenhamento dos poderes públicos por forma a vencer os atuais bloqueios que estão na origem de décadas de regressão social e econômica e que é imperioso romper.
Em jeito de balanço, ficam um vasto conjunto de valiosos contributos que serão extremamente úteis para prosseguir a intervenção do PCP nesta tão importante área. A floresta representa um setor de grande potencial para a economia nacional e regional e consta de um relatório atribuído ao PCP no quadro da comissão de agricultura do Parlamento Europeu.
Fica também a certeza de que a situação da nossa floresta não pode ser desligada da ausência de políticas adequadas que estão na base da desertificação do interior. Só uma política patriótica e de esquerda capaz de romper com décadas de imobilismo poderá inverter esta tendência de declínio nacional, colocando a floresta ao serviço do desenvolvimento do país e da região.