1. De como a Câmara da Covilhã, Carlos Pinto e o PSD rumam sem rumo
Conhecida que é a posição da Câmara Municipal da Covilhã sobre a deslocalização do Mercado Municipal e a sua instalação num novo local e numa nova construção, importa esclarecer os Covilhanenses sobre mais um processo que a Câmara da Covilhã e o PSD, através do seu Presidente Carlos Pinto querem iniciar, novamente “metendo a carroça à frente dos bois”.
A Câmara da Covilhã, Carlos Pinto e o PSD, estão sem estratégia para a Cidade e o Concelho, senão vejamos:
Venderam os terrenos do Gameiro a privados para ai ser instalado um condomínio, compraram os terrenos da antiga Garagem de S. Cristóvão para aí instalar um novo mercado, abriram concurso para o mesmo ao qual se apresentam 3 propostas. De repente, o mercado já não será aí instalado, decidem doar o terreno para a construção de um equipamento social e agora decidem construir um novo edifício no Campo das Festas, terreno para o qual tinha iniciado um concurso público para a sua ocupação.
Desnorte, deriva e ideias avulsas de quem já não terá de arcar com as consequências de tão má gestão, são evidentes quando:
Em 2001 remodelam o mercado municipal com um custo a rondar os 500 mil euros, dotam-o de estacionamento e anunciam que esta obra está inserida no esforço que a Câmara estava a colocar na revitalização do Centro Histórico, uns anos mais tarde, sucumbem à gula de uma empresa privada, remodelam o piso superior, retiram espaço de estacionamento ao mercado e instalam aí um call center.
Mas há mais de tão flagrante estratégia falhada ou falta dela:
Retiraram do piso superior os comerciantes de calçado, instalaram-nos em tendas na esplanada do Edifício Shopping Sporting, acabaram com o mercado quinzenal do Campo das Festas, fazem uma tentativa falhada de o levar para o Complexo Desportivo e agora anunciam a instalação de mais um call center no mercado e a construção de um novo edifício, desta feita no Campo das Festas.
À semelhança de outras matérias, a Câmara da Covilhã, Carlos Pinto e o PSD anunciam agora uma solução para um problema que os próprios criaram. Aceitar que a causa está na sua política errada é tarefa impossível para os próprios. Reconhecer a evidência da gestão falhada e casuística é tarefa que o povo covilhanense está prestes a concluir.
2. De como a actual localização tem vantagens em manter-se
O PCP, depois de já ter debatido nos seus órgãos, ter promovido um debate público sobre o Mercado Municipal e de ter tomado uma posição na Assembleia Municipal de Dezembro de 2009 e Março de 2010, visando o esclarecimento, a análise da melhor solução e o consequente debate público que este tema deve motivar, apresenta alguns argumentos a favor da actual localização.
Mercado Municipal numa perspectiva integrada de revitalização do Centro Histórico
A actual localização do Mercado Municipal devidamente integrada numa política de revitalização do Centro Histórico é uma mais valia a considerar como fundamental para a dinamização, rejuvenescimento e reabilitação do mesmo, criando acesso de proximidade a uma população que necessita dos serviços diários instalados no Mercado. O Centro Histórico não deve continuar a ser despejado dos seus serviços, como já são exemplos, a Portugal Telecom, a Policia de Segurança Pública, a EDP e outros, devido a uma falta de investimento e estratégia de cidade que esta Câmara demonstra ao longo dos anos.
Mercado Municipal numa perspectiva de identidade cultural
O edifício do Mercado Municipal é dos poucos espaços, actualmente existentes, com o qual os Covilhanenses se reconhecem, faz parte da identidade cultural da nossa cidade e é dos poucos que restam, sendo por isso importante preservar e reforçar este património colectivo da historia da cidade e do concelho.
Mercado Municipal numa perspectiva de dinamização do Comércio Tradicional
Nas imediações do actual mercado, fruto de muitos anos passados, o comércio tradicional instalou-se de forma consistente, tentando aproveitar os benefícios de tão importante infra-estrutura que consegue chamar a si milhares de pessoas todos os meses. As ruas António Augusto de Aguiar, Olivença e Conselheiro António Pedroso dos Santos são o exemplo da estruturação do comércio tradicional da Covilhã em volta do Mercado, contando com Lojas de roupa, ourivesarias, óptica, retrosarias, talho, cafés, bares, barbeiros, cabeleireiros, papelarias, informática, supermercado, ferragens, electrodomésticos, móveis e outros, que todos os dias se sustentam, também, com o factor de aglomeração que o Mercado Municipal exerce.
Mercado Municipal numa perspectiva de sustentabilidade dos produtores e comerciantes
Não sendo as ideais e devendo ser melhoradas as actuais condições que o Mercado Municipal oferece, as mesmas permitem a sustentabilidade financeira e económica de dezenas de produtores e comerciantes, pelo que deve ser assegurada a sua continuidade de modo a assegurar também os postos de trabalho envolvidos nas actividades desenvolvidas.
3 . De como a decisão deveria ser pensada
A decisão sobre a instalação, funcionamento e dinamização do Mercado Municipal da Covilhã não é certamente uma decisão que se deva tomar de ânimo leve, carecendo de múltiplas análises incluindo nelas um largo conjunto de variáveis. Assim é o ponto de vista do PCP.
Pensar a oposição como um contributo e não como apêndice à decisão
A Câmara da Covilhã, Carlos Pinto e o PSD apresentaram na Assembleia Municipal de Dezembro de 2009 aquilo a que chamaram o grande debate público sobre o mercado. Foi grande expectativa depois de nos habituarmos a ter decisões sem o mesmo debate. Mas afinal de contas, o que pretendiam era que a oposição concordasse de forma acéfala sobre a sua solução do Campo das Festas. Afinal de contas o tão esperado debate, era sobre a sua localização em concreto no Campo das Festas. Se mais para a frente ou mais para trás, se mais encostado ao quartel de bombeiros ou mais desviado. Claro que a sua bancada, mesmo sem saber a solução que iria ser apresentada, se apressou a vangloriar tal solução, justificando até com dados financeiros de suporte à decisão, que ninguém conhecia. Encarar as outras forças partidárias como um contributo capaz de alargar os horizontes de quem decide, é por um lado uma virtude e ao mesmo tempo uma escolha que faz toda a diferença.
Pensar as pessoas como parte da decisão e não da especulação
Uma decisão desta natureza carece de estudos a diferentes níveis: de opinião, envolvendo consumidores, produtores e comerciantes; financeiros, que enquadrem as diferentes soluções; técnicos, enquadradores das especificações necessárias ao melhor desempenho. Uma decisão desta natureza é durante muitos anos irreversível, pelo que deverão ser tomadas em conta múltiplas visões e opiniões. Uma decisão desta natureza carece de muito mais que o sonho sonhado de noite e uma decisão na manhã seguinte, como esta câmara nos tem habituado. Carlos Pinto e o PSD encaram a gestão da coisa pública como um negócio que agora se vende, agora se compra, depois se troca e oferece a privados. Uma decisão desta natureza necessita mais do que uma maqueta, de uma ideia de negócio potencialmente lucrativo ou de mais uma decadente visão especulativa do património municipal.
4. De como algumas perguntas continuam sem resposta
- Alguma vez se estudou a possibilidade do actual mercado ser alvo de uma intervenção capaz de satisfazer as exigências técnicas e legais actuais?
- Onde está afinal a informação que permite tomar a decisão mais acertada, rentável, sustentável, que trará mais benefícios à Cidade e ao Concelho?
- Quanto irá pagar de renda a empresa que se instalar no actual mercado?
- Quais os resultados do Concurso Público para gestão urbanística e ocupação produtiva do Campo das Festas, lançado em 2008?
- Em que ficamos sobre a construção de novo quartel de bombeiros?
- Será assegurado o actual estacionamento livre e gratuito do Campo das Festas?
- Para além da execução da obra, o que prevê a Câmara para a dinamização do mercado?
- Está assegurada a manutenção dos custos para os vendedores?
- Está assegurada a sustentabilidade do comércio tradicional instalado ao redor do actual mercado?
De como o PCP se posiciona face a esta decisão
Para o PCP, gerir uma autarquia é ser capaz de transformar positivamente as condições de vida das pessoas que aí vivem e trabalham, sem por em causa o futuro das novas gerações. Para tal é ser capaz de ouvir as pessoas e os eleitos nos órgãos, caso contrário a decisão é sempre autocrática e uma imposição, correndo o risco de não ser a melhor.
Perante tantas dúvidas não esclarecidas e enquanto não for demonstrado por esta Câmara Municipal que existem vantagens sócio – económicas para o desenvolvimento da cidade e do concelho, a decisão da construção de um novo mercado municipal é um erro estratégico, ao qual não nos associamos.