A.Municipal 30 de Abril de 2010
Quando se completa quase uma semana sobre o aniversário do 25 de Abril de 1974 é com pesar e preocupação que constatamos o total alheamento que o Poder Local deste concelho teve para aquela referência marcante na história de Portugal.
Talvez numa imitação, pouco recomendável, do que se vem passando na Região Autónoma da Madeira, nem a Câmara nem a Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova se souberam dignificar dando o destaque que se impunha àquela data, como o fizeram a esmagadora maioria das autarquias deste país, incluindo mesmo algumas com conotações político-partidárias menos alinhadas com os ideais de Abril. Aliás, também neste domínio se regista um retrocesso assinalável, uma vez que em Idanha-a-Nova, por iniciativa da autarquia, as comemorações do 25 de Abril (e, sobretudo, o que ele representou e representa nas legitimas ambições de um povo) já forma uma referência e uma data de mobilização e envolvimento da população.
Sem pretendermos estabelecer paralelismos fáceis, não deixa de ser significativo que as comemorações da Revolução dos Cravos coincidam com um agravamento das condições de vida da generalidade da população portuguesa, intensificando as mesmas políticas nefastas que, depois de cerca de 30 anos da sua aplicação, pelo PS, PSD e CDS, isolada ou formalmente coligados, conduziram o país ao estado deplorável em que se encontra.
Também no nosso concelho, para além dos reflexos avolumados daquelas políticas sobre uma população maioritariamente carenciada e desqualificada, se constata o resultado da aplicação de medidas que vão contra um dos mais elementares ideais da Revolução de Abril – o direito à saúde. Depois da estranha surpresa que o Sr. Presidente da Câmara manifestou, quando, na última reunião, a CDU alertou para a acentuada diminuição das consulta médicas nas freguesias do concelho, estranha surpresa por se tratar de uma acção devastadora sobre o concelho de que é responsável, por ser um assunto que a comunicação social referiu embora com ligeireza mas, também, por a Assembleia Municipal ser presidida por um profissional daquele sector, aguardamos que a Câmara Municipal nos dê conta da informação que indicou ir recolher e, sobretudo, das diligências promovidas para repor nas freguesias as consultas médicas necessárias a uma população idosa e socialmente muito dependente.
Alguns exemplos:
Monsanto: tinha 3 vezes por semana + 1 de 15 em 15 dias, perdeu 2 consultas semanais;
São Miguel de Acha: tinha três vezes por semana, perdeu uma consulta semanal;
Rosmaninhal: tinha 2 vezes por semana + 1 de 15 em 15 dias, passou a 2 vezes por semana;
Medelim: tinha 1 vez por semana + 1 de 15 em 15 dias, perde a consulta quinzenal.
Por último, não podemos deixar de fazer aqui uma referência a uma iniciativa do município de Idanha-a-Nova que, sem qualquer ligação formal à data, coincidiu com o fim-de-semana em que se comemorou o 25 de Abril – referimo-nos à prova de atletismo conhecida como “Rampa da Sr.ª da Graça”. Não somos contra iniciativas que divulguem o concelho e promovam a prática desportiva – muito pelo contrário. Contudo, para que essas iniciativas beneficiem uma região, terão que ser o corolário de uma dinâmica e política desportivas implementada no concelho e que mobilize atletas e população residente.
Lamentavelmente, não existe uma política concelhia de desporto, surgindo iniciativas desgarradas que, por não evidenciarem a prática desportiva e mobilizarem quem cá vive, acabam por ser despesas sumptuárias, inúteis e sem qualquer proveito numa perspectiva de desenvolvimento do concelho de Idanha. Ou seja, acrescentamos às nossas debilidades económicas e sociais, gastos improdutivos que não resultam de dinâmicas locais e de políticas integradas de desenvolvimento. Em suma, “deitamos foguetes, mas não temos festa” – também aí estamos a imitar o que de pior têm feito os nossos “ditos” governantes.