Até 15 de Agosto, estima-se que em Portugal tenham ardido mais de 70 mil hectares de terra, dois terços de toda a área ardida na União Europeia. No Parque Natural da Serra da Estrela os incêndios dizimaram mais de dois mil e 500 hectares. O sistema europeu de informação de fogos florestais garante que as perdas são já superiores a 200 milhões de euros. Bastou um Inverno com chuva e um Verão mais quente para sofrermos a violência de incêndios florestais de grande intensidade e extensão. Eles surgem e propagam-se tanto na pequena propriedade como na grande, tanto na privada como na pública.
O flagelo põe em evidência a falta de uma política nacional de prevenção, um correcto ordenamento florestal e o abandono do Mundo rural.
Tal como o PCP tem denunciado, a realidade veio demonstrar, mais uma vez, que os problemas estruturais da floresta portuguesa estão longe de se resolverem.
Ao longo destes anos, os sucessivos Governos fizeram legislação com forte pendor coercivo e repressivo enquanto que as questões estruturais não passaram de elaborada propaganda, nomeadamente:
- As ZIFs – Zonas de Intervenção Florestal, criaram-se expectativas, aos Produtores Florestais, que depressa passaram a um sentimento de marasmo e desânimo. Seria interessante que o governo informa-se com rigor quantos hectares de floresta e que projectos já foram apoiados neste âmbito;
- O Cadastro Florestal, instrumento fundamental de orientação e execução da política florestal está a marcar passo.
- As Ajudas Comunitárias e Nacionais, nomeadamente o PRODER, estão desajustadas da realidade sócio-económica dos proprietários florestais. O auto-financiamento que é exigido aos proprietários é demasiado (cerca de 50%) tendo em conta o baixo preço das madeiras.
- As Pragas e Doenças dizimam várias espécies arbóreas por todo o País, sem que o Governo demonstre ter uma estratégia para inverter a situação.
O estado da floresta portuguesa e a desertificação do Mundo Rural são causas cimeiras dos incêndios florestais,
O abandono da agricultura e a desertificação humana das Zonas Rurais, é consequência das políticas de direita dos Governos do PS do PSD e CDS. Os cortes financeiros, agora consubstanciados no PEC, levaram ao encerramento de serviços do Estado para a Floresta (sistema de mobilidade especial, reconfiguração da Direcção Geral dos Recursos Florestais na Autoridade Florestal Nacional), e desmotivou os produtores e técnicos florestais, e do movimento Associativo Florestal.
A liquidação do sector produtivo e o enceramento de serviços públicos essenciais para população (escolas, serviços de saúde, transportes, Zonas agrárias, etc), levam ao abandono do mundo rural, principalmente da população activa.
Prosseguir uma política de incentivo ao abandono e concentração da actividade agrícola é deixar que os incêndios continuem a deflagrar em Portugal.
O Executivo da DORCB