Falar sobre o Turismo da Serra da Estela obriga-nos, em primeiro lugar, a dar resposta a duas questões essenciais:
1ª— Que Turismo é actualmente praticado na Serra da Estrela?
2ª — Que Turismo é desejável para a sustentabilidade económico— ambiental da Serra da Estrela?
Estas são as duas questões-chave que nos ocorrem quando tentamos traçar um caminho para o desenvolvimento turístico da Serra da Estrela.
Relativamente à primeira questão, salta à vista de todos a inexistência de uma estratégia integrada e sustentável para o desenvolvimento da actividade turística desta região, por parte dos seus principais agentes (RTSE, Câmaras Municipais e PNSE), que procuram potenciar a serra unicamente através do Turismo de Neve quase sempre associado à comercialização de produtos pouco genuínos (fabricados noutros lugares do país e até do mundo).
A falta de ideias traduzida na apatia daqueles que deveriam ser os principais impulsionadores de um turismo de qualidade, equilibrado e genuíno, está patente no aval dado às malfeitorias praticadas pela “TURISTRELA”, empresa a quem o governo PS atribuiu ao arrepio da Constituição da República Portuguesa, o monopólio da exploração da actividade turística na Serra da Estrela, acima dos 800 metros de altitude. Privilégio monopolista este, que funciona como travão ao aparecimento de outros projectos de interesse para a serra, ao mesmo tempo que elitiza o acesso aos equipamentos hoteleiros e de diversão que vai instalando com apoios públicos.
Este modelo focalizado essencialmente no produto neve, assente na construção de mega projectos e na obtenção do lucro fácil, que não valoriza as potencialidades paisagísticas, ambientais e culturais da região, não é de certo o modelo indicado para o desenvolvimento do Turismo na região da Serra da Estrela.
Tal como o não é a orientação obsessiva para um turismo de massas que entope a serra de veículos automóveis em determinados períodos do ano, responsável pela destruição dos frágeis ecossistemas que se desenvolvem no maciço central.
Então que “modelo” de turismo é o mais aconselhado para esta região?
Objectivamente, um “modelo” que privilegie a diversificação da oferta de produtos turísticos, com integração do Turismo em Espaço Rural, Patrimonial, Ambiental, Cultural, Gastronómico e Vitivinícola, contrariando a tendência actual de oferta de um único produto.
Como desenvolver este novo “modelo’?
Apostando na requalificação dos núcleos urbanos das cidades vilas e aldeias e na manutenção do seu património arquitectónico e paisagístico e incentivando a requalificação das habitações tradicionais, abrindo-lhes as portas para a prática do turismo rural, agroturismo e turismo de habitação;
Reforçando a divulgação de percursos pedestres, também na vertente de educação e sensibilização ambiental com observação e preservação da Fauna e Flora Autóctones;
Apostando na divulgação e comercialização de produtos regionais endógenos e certificados, como o queijo da serra, os enchidos, o pão, o mel, o vinho, a fruta de altitude, a castanha, entre outros;
Promovendo a qualidade da rica e diversificada gastronomia regional;
Reduzindo a pressão automóvel no maciço central da Serra da Estrela com a implementação de sistemas de transportes alternativos não poluentes, condição para preservar os valores naturais existentes, dando mais tempo aos visitantes para tomarem contacto com os lugares típicos e o exotismo da fauna e da flora;
Através do desenvolvimento de sinergias entre os diversos agentes de desenvolvimento locais e regionais, para que todos comecem a trabalhar em prol de um objectivo comum: o desenvolvimento de um turismo diversificado, amigo do ambiente e que potencie o património paisagístico e cultural;
Apostando numa honesta campanha de Marketing Turístico a nível nacional e internacional, que promova aquilo que a serra tem de melhor mostrando o que ela realmente tem e não o que gostariam que ela tivesse.
Camaradas e Amigos
Está na hora de definirmos um Novo Rumo para a Serra da Estrela e para o seu Turismo.
Basta de Destruição! Viva a Serra da Estrela! Viva o PCP