CENTRO HISTÓRICO DA COVILHÃ

 

derrocada

 

 A derrocada de mais um prédio na Zona Histórica da Covilhã é o espelho do desleixo e da incúria de políticas governamentais e municipais.
Há hoje duas características que convivem na Covilhã – a especulação urbanística e a degradação e abandono do parque habitacional, sobretudo, no centro histórico da cidade.
A derrocada de um prédio na Rua do Cotovelo, em pleno coração da zona histórica da freguesia de Santa Maria, no passado Sábado à noite –  o que certamente contribuiu para que, felizmente, não tenham existido danos pessoais – são o espelho de uma gestão que, apesar das sucessivas promessas, tem sido responsável por décadas de esquecimento do miolo da cidade. O abandono deliberado, por um lado, e a construção de habitação social por outro, têm servido para obrigar literalmente a população a sair, resultando num centro histórico sem gente ameaçando de extinção  o pequeno médio comércio que apesar das enormes dificuldades vai procurando resistir.
Como há muito o PCP tem vindo a denunciar, basta sair da postal ilustrado, para turista ver, e andar uns metros para o interior das ruas mais antigas, para descobrir, de imediato, a degradação de casas e as más condições de vida de muitas famílias covilhanenses. Quem calcorreia a Covilhã,  facilmente observa os esqueletos das velhas fábricas abandonadas, os prédios devolutos, os muros em ruína iminente, consequência quer das políticas governamentais desastrosas, quer da incúria dos responsáveis autárquicos, que deixaram que o urbanismo se transformasse no negócio da especulação imobiliária, à espera de recompor os cofres municipais.
Alvo de estudos e diagnósticos, a verdade é que a zona histórica da cidade da Covilhã continua a desertificar-se, carecendo até hoje de um Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação, como obriga o PDM, que conjugue esforços públicos e  privados e envolva a população. Intervenções pontuais como as que temos assistido – caso dos arruamentos e colocação de sinais de trânsito ao kilo -  não resolvem os problemas de fundo e não impedem o agravamento da situação a cada dia que passa.
Para o PCP esta é a verdadeira prioridade! Sem esquecer as responsabilidade da administração central para o estado de coisas a que se chegou, a verdade é que a gestão municipal PSD, no poder há mais de 10 anos, não pode ser ilibada, sobretudo quando se assiste ao anúncio municipal de empreendimentos demagógicos e megalómanos, enquanto ano após ano, se ignorou esta tarefa inadiável. A recuperação do centro histórico, sendo complexa, é uma prioridade que deve ser dirigida para a reconstrução e recuperação sem expulsar os actuais moradores e comerciantes e que simultaneamente, atraia e fixe novos residentes e novas actividades. Sem isso, a Covilhã será sempre uma cidade desqualificada e fragmentada, ingrata para com o passado e arrogante para com o futuro.
Comissão Concelhia da Covilhã
Covilhã, 4 Dezembro de 200

Jornal «Avante!»

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