Também não cabem os jovens licenciados da Universidade que não se fixam na região, diminuindo assim a esperança de crescimento e desenvolvimento, por a cidade, lato sensum, não os conseguir cativar enquanto cá estudaram, nem oferecer oportunidades de futuro,
Como não cabem as estações postais dos CTT que encerrarão, nem as freguesias que o deixarão de ser, nem as scut que não deveríamos pagar,
O preço da fatura da água privatizada, não cabe nas comemorações, preço esse, que ultrapassa, em muito, aquilo que são as recomendações da OCDE sobre o peso percentual máximo de referência (3%), que o pagamento deste serviço essencial deve ter no orçamento familiar das pessoas,
Os idosos sem recursos para ir à farmácia, ou sem transporte para irem aos tratamentos médicos, aqueles que morrem sós, de certeza que não cabem nestas comemorações,
Como também é impossível caber o património histórico e industrial perdido,
A lã também já não cabe nas comemorações, faltam as mãos que a trabalham, as paredes que a guardam e as máquinas que a transformam, Afinal, nas comemorações parece até nem caber …a própria Covilhã,
só cabe um holograma de cidade, construído por homens sem olhos e mulheres cegas (quase nenhumas, em abono da verdade), Mas, … as comemorações também podem ser de futuro,
comemoremos então o futuro da Covilhã,
O futuro, esse, ainda pode ser diferente,
Um futuro onde todos possam caber.
Viva a esperança na construção de um futuro melhor!
Viva a Covilhã!
Esta intervenção teve como referência o poema “Não há vagas” de Ferreira Gullar, vencedor do Prémio Camões 2010.